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O uso da mídia pelos políticos

Opinião | Quinta-feira, 19 de Abril de 2012 - 17h53 | Autor: Gerson Luiz Martins
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A principal função de um político no poder legislativo, ou seja, um deputado, vereador se traduz basicamente pelo trabalho de propor leis que proporcionem bem estar social e melhoria das condições de vida dos cidadãos e, também, não menos importante, o trabalho de fiscalização do poder executivo. O leitor poderá consultar em qualquer dicionário, no Google, no Wikipédia, em qualquer lugar e encontrará esta mesma descrição, com pequenas variações.

O papel, a atividade de um político, aqui se faz referencia ao poder legislativo, é de grande importância, se se pode dizer que existe grande importância, pois o que é importante deva ser significativo, para as ações de organização e assistência à sociedade. É contumaz, e a mídia contribui para isso, que os parlamentares, políticos que atuam no poder legislativo, seja nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Legislativas ou no Congresso Nacional, sejam constantemente avaliados e criticados nas suas ações. Esses fatos, muitas vezes, podem contribuir para enfraquecer o poder legislativo. E, numa democracia, o poder legislativo é estratégico. Em situação contrária teremos uma ditadura, como ocorreu na década de 60 quando o militar que assumiu a presidência do país fechou o Congresso Nacional. Uma democracia plena se realiza com equidade dos poderes executiva, legislativo e judiciário. São poderes independentes e devem ter autonomia nas suas ações, ou seja, nenhum deve se submeter ao outro. O que, infelizmente, não acontece muitas vezes.

Os parlamentares, nos seus projetos de vida, buscam a reeleição ou uma eleição para outro nível parlamentar. Nessa busca, se utiliza de inúmeros meios, alguns legítimos, outros nem tanto. Nos últimos anos se percebeu uma afluência significativa de parlamentares na mídia. A legislação eleitoral brasileira estipula a quantidade e a qualidade do uso da mídia pelos parlamentares. Contudo, muitos consideram não ser suficiente e promovem um populismo e clientelismo, principalmente, por meio da TV. Não é necessário ir muito longe para verificar a quantidade de programas de TV que são apresentados por políticos. Talvez na esquina da sua casa exista um painel publicitário com a propaganda de um desses programas.

Político foi eleito para legislar e fiscalizar o poder executivo ou para ser artista de TV? A mídia televisiva sempre teve um custo muito alto, decorrente dos altos preços dos equipamentos eletrônicos, cada vez mais sofisticados, necessários para a transmissão de áudio e vídeo. As agência de publicidade e a indústria, serviços e comércio de um forma geral sabem muito bem o quanto custa alguns segundos de publicidade na TV. Para que o leitor tenha uma noção deste custo, basta mencionar que 30 segundos, repito 30 segundos no horário de maior audiência na TV, o chamado horário nobre, custa o equivalente a R$ 5.000,00 a cada inserção em Campo Grande, R$ 7.000,00 no estado e, R$ 500.000,00 no país. Imagine então o leitor o custo de programas com quase uma hora nas emissoras de TV!!!

A pergunta continua: um parlamentar foi eleito para legislar e fiscalizar o poder executivo ou para ser artista de TV? Para os profissionais da área de comunicação, principalmente para os jornalistas, essa situação não é ruim, pois muitos parlamentares, ao constituírem suas equipes de produção, contratam jornalistas, o que se torna um novo campo de trabalho para um mercado precarizado. Esta questão foi amplamente debatida em artigos anteriores, que trataram da função do jornalismo. O artigo publicado na semana passada também tratou deste tema, ou seja, “afinal, o que é o jornalismo hoje?”. Os jornalistas perderam suas raízes e sua matriz profissional? Entende-se que os parlamentares e os empresários de mídia de forma mais geral podem contribuir para o desenvolvimento da sociedade quando cumprem suas funções específicas. Em outras palavras, a sociedade terá um ganho significativo quando profissionais da área de comunicação tiverem oportunidades, trabalho, contratados para produzir programas jornalísticos, ou mesmo de entretenimento, na TV que divulguem as atividades dos parlamentares em favor da população, independente de matiz política ou preferência partidária.

Com foi mencionado, programa ou produção jornalística não é entretenimento e, naturalmente, de outro lado, programa de entretenimento não é jornalismo, o máximo que se consegue na divulgação dos fatos nesses programas de entretenimento é sensacionalismo. Fato natural, pois os programas de entretenimento buscam absorver a atenção do telespectador. E para isso, utilizam da divulgação de fatos que são inusitados, bizarros.


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