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Ciberjornalismo na pré-história da internet

Opinião | Quinta-feira, 02 de Maio de 2013 - 15h30 | Autor: Gerson Luiz Martins
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Há mais de 15 anos se faz ciberjornalismo em Mato Grosso do Sul. Embora o estado tenha sido um dos pioneiros no jornalismo produzido na internet, é importante lembrar que neste estado se produz jornalismo exclusivamente para internet nesse período. Esse registro é importante porque, na maioria, para não dizer na totalidade do país, o ciberjornalismo foi decorrente dos jornais impressos e, em algumas experiências, do telejornalismo. Só muito recentemente que inúmeros profissionais de jornalismo e empresários investiram, exclusivamente, em portais de notícias, fato decorrente das facilidades de criação dos portais jornalísticos com baixo custo e com tecnologias mais eficientes que facilitam a apuração, produção e publicação das notícias na internet.

A produção em ciberjornalismo não é algo simples. A facilidade em se criar, publicar informações na internet, não está diretamente relacionada à qualidade de conteúdo. O que se percebe é um amadorismo exacerbado. Pessoas, investidores, empresários sem mínimo de conhecimento em ciberjornalismo se aventuram na criação de portais jornalísticos. Em jornalismo se diz sempre que o maior patrimônio é a credibilidade. Os portais jornalísticos criados aos borbotões têm vida efêmera. No princípio capitalizam recursos do poder público, no governo do estado, prefeituras, Assembleia Legislativa e Câmaras Municipais. Se tiver “boa lábia” manterá essa arrecadação de recursos públicos por um longo tempo, se não tiver e, de acordo com os altos e baixos da política, vai recorrer aos pequenos comerciantes locais. Neste caso, os portais se enchem de pequenas publicidades que poluem visualmente o sítio web.

Qualquer empreendimento jornalístico deve estar relacionado diretamente a contratação de profissionais jornalistas qualificados no ensino superior específico em jornalismo. Fora disso, se trata de uma aventura que possui dois lados; de uma parte sugam o poder público de recursos e se mantém por alguns anos; de outro lado, fracassará em alguns meses. Nos casos que existem hoje, e há mais de 150 portais de notícias no estado, a maioria, cerca de 90% replica ou requenta matérias dos portais nacionais. Há pouco difusão de notícias locais. O desconhecimento das características básicas do ciberjornalismo provocam portais que mais servem de justificativa para as verbas públicas do que informam. Para qualificar os portais conforme a linguagem do ciberjornalismo, algumas perguntas devem ser respondidas. Qual portal de notícias em Campo Grande divulga informações em tempo real? Local! O leitor quer informação local. Se quiser saber de notícias nacionais vai para a Folha, G1, Estadão, entre os principais. Linguagem adequada! Por desconhecer as formas de redação jornalística específica, sim, pois cada suporte de mídia tem uma linguagem peculiar, às vezes imitam a TV, outras vezes a linguagem do rádio e, rotineiramente, a linguagem do jornalismo impresso. Nessa confusão, afinal, quem é o leitor dos portais de notícias?

Um outro dado que assusta, muitos portais reproduzem informações locais das agências meteorológicas sem olhar para a janela de sua redação. Na pressão de publicar informações a cada minuto, muitos reproduzem informações dos portais de difusão nacional. Uma notícia publicada por um portal de notícias tinha o seguinte título: "Dezenas de pessoas estão desaparecidas após deslizamento em Costa Rica". Para o público local, as atenções se voltam para o município de Costa Rica. Um exemplo da confusão entre o local e o global

O ciberjornalismo pode se caracterizar como o jornalismo do futuro, assim o respeito às suas características e a qualificação do processo produtivo é imperativo. Nesse aspecto, se pode incluir o leiaute, a multimedialidade, ou seja, o uso de recursos de vídeo e áudio. Um dos principais portais de notícias em Campo Grande tem um leiaute confuso, recheado de publicidade sem lugar definido. E no que diz respeito a multimídia, o leitor pode comprovar ao fazer comparações, por exemplo entre o portal Nominuto (www.nominuto.com), para citar um exemplo regional e os existentes em Campo Grande. Muitas vezes o leitor fica com a sensação de que o portal jornalístico parou no tempo, mas como se pode "parar no tempo" em Ciberjornalismo?

Situação que também prejudica a credibilidade e a qualidade dos ciberjornais locais diz respeito aos profissionais que atuam nas empresas jornalísticas, um excesso de estagiários, estudantes de jornalismo que ainda não se qualificaram na linguagem do ciberjornalismo. Aprendem nos vícios da linguagem jornalística!


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