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Nenhum governante faz milagres

Opinião | Quarta-feira, 01 de Abril de 2009 - 18h36 | Autor: Prof. Dr. Gerson Luiz Martins
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Nenhum governante, eleito nos últimos anos, promoveu qualquer mudança significativa depois de empossados. Ninguém faz milagres. Ou as estruturas estão engessadas, corrompidas, travadas ou o sistema está demasiadamente globalizado e as peças da estrutura estão justaposta de forma que qualquer movimento pode comprometer outros sistemas ou estruturas. É interessante observar que os últimos governos eleitos alardearam grande mudanças, até mesmo revolucionárias, em seus programas de governo.

E não só isso, do lado da população também havia essa expectativa. Naturalmente foram governos eleitos após anos de governo conservador, ditador ou corrupto. Pode-se dizer que esses novos eleitos vieram como redentores de uma população explorada, massacrada e exaustivamente empobrecida no longo dos anos. Assim, se pode lembrar a eleição de Ângela Merkel na Alemanha, Michelle Bachelet no Chile, Luís Lula da Silva no Brasil, recentemente Barack Obama nos Estados Unidos, até mesmo Evo Morales na Bolívia e Rafael Correa no Equador.

Qualquer deles e talvez tantos outros, depois que assumiram seus governos acabaram mesmo é se rendendo aos mandos e desmandos do capitalismo global e das estruturas conservadoras locais, ficaram amarrados, nada fizeram, seguiram a cartilha definida pelo capitalismo mundial e global. Nesse aspecto, é muito interessante um cálculo realizado por um espanhol sobre a distribuição de dinheiro realizado pelos governos às empresas para conter a crise financeira. O planeta tem 6,7 bilhões de habitantes.

Somente o governo dos Estados Unidos injetou no mercado financeiro mais de 700 bilhões de dólares. Se esse dinheiro fosse distribuído entre a população mundial, cada pessoa teria a cifra de 104 milhões de dólares. Se todo o volume de dinheiro doado ou “emprestado” às empresas fosse distribuído para a população mundial, todos ficariam ricos e, como menciona num slide da apresentação de forma irônica, se poderia pagar totalmente as hipotecas. Nessa estrutura amarrada, ou um governo se enquadra na sistema capitalista ou promove ações contundentes que são marcadas como “revolucionárias” de um lado ou “reacionárias” de outro, e por conseguinte muito próximos dos ditadores, pois são impelidos a tomar domínio das estruturas de Estado de forma antidemocrática.

É importante destacar que os adjetivos “revolucionário” e “reacionário” estão entre aspas porque não são entendidos na sua acepção básica, mas de forma ideológica dependendo de quem ou de que comunidade ou grupo tem origem ou emissão. Neste aspecto podem ser incluídos o presidente venezuelano, em algumas medidas o presidente boliviano e equatoriano. Então como fazer para que um presidente eleito possa cumprir muitas de suas promessas de campanha e administrar ações de fato reacionárias, ou seja, com uma reação às ações ordinárias da prática política histórica? Ou revolucionária, ou seja, totalmente diferentes das ações ordinárias da prática política histórica? Não há como. Num mundo globalizado, onde as estruturas capitalistas de mercado são intrínsecas, nada há que fazer.

O que resta a um governo democrático está circunscrito à distribuição da riqueza do país de forma equânime. Essa distribuição se realiza pela moralização das instituições políticas, principalmente no âmbito do executivo, legislativo e judiciário; pela aplicação dos recursos públicos, ou melhor, do dinheiro público em educação como base de todas as outras garantias sociais. Somente pela educação a população poderá garantir trabalho, moradia, saúde, cidadania, segurança, bem-estar. Uma população educada saberá escolher seus governantes e poderá exigir respeito pela coisa pública. Pense o leitor num governo “honesto”, sério, transparente, democrático.

Como ele poderá administrar os recursos do estado em prol da população? Construindo moradias? Pavimentando ruas ou estradas? Construindo hospitais? Construindo escolas? Melhorando o sistema de transporte coletivo? Essas todas são ações básicas, que qualquer governo busca executar, seja para atender demandas da comunidade, seja para substanciar seus recursos, principalmente pessoais, com os processos de corrupção envolvidos. A princípio pode parecer o caminho mais natural, no entanto os recursos envolvidos se perdem no caminho.

Recentemente a mídia divulgou que foram gastos mais de 500 mil reais na construção de uma cela no subsolo do Senado Federal. Está claro que uma cela de 12 metros quadrados não tem esse custo. Assim, sem qualquer dúvida, reside nesses processos, e tantos outros, os desvios dos recursos da população que não chegam na escola, na segurança, na habitação, nos hospitais. A verdadeira aplicação de recursos deve acontecer na educação.

De forma direta. Sem isso nenhum governante faz milagres. Uma população crítica, fiscalizadora e com acesso aos meios de produção do estado, seja pelas organizações civis, seja de forma pessoal poderá garantir o investimento na educação.

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