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Investimento na universidade pública

Opinião | Terça-feira, 12 de Abril de 2011 - 22h05 | Autor: Gerson Luiz Martins
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Há duas semanas uma ação inédita foi noticiada pela maioria dos jornais em Mato Grosso do Sul (e bem que este nome poderia ser mais curto). Pela primeira vez deputados e senadores do estado se empenharam, de forma conjunta e apartidária, na defesa dos interesses do ensino superior público, representado, também, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Há muito tempo, por inúmeras razões, a UFMS sofre com a falta de investimentos, principalmente em infraestrutura, edificações, laboratórios, salas de aula e inúmeros outros itens.

O programa de reestruturação das universidades brasileiras, o Reuni, implantado pelo governo Lula em 2007, por meio do Decreto 6096, proporcionou um fôlego na falta de investimentos e transformou a maioria das universidade federais num verdadeiro canteiro de obras. Basta entrar nos campus universitários para comprovar isso. No entanto, esse programa não atendeu todas as necessidades de investimentos depois de muitos anos. O programa atende alguns cursos, algumas áreas, desde que tenham planejado participar do Reuni. O governo, naturalmente, exigiu a contra partida das universidades, como ampliar o número de cursos, estender o ensino noturno, criar áreas de alto desenvolvimento tecnológico e atender a população mais pobre com cursos na área social e de qualificação pedagógica, além de desenvolver o ensino à distancia.

E, infelizmente, mesmo com o Reuni as universidade não conseguiram os recursos necessários para equacionar suas precariedades. Parte visível dessa situação pode ser observada nas condições dos prédios da UFMS, por exemplo.

A proposta de ação dos parlamentares sul-mato-grossenses objetiva atender a UFMS em todas as demandas que o Reuni não contemplou. Situação semelhante foi empreendida pela bancada de parlamentares do Rio Grande do Norte há alguns anos, que proporcionou fortes investimentos na infraestrutura da UFRN.

Essas ações são resultado de um trabalho conjunto da bancada no Congresso Nacional com os ministérios da Educação e Planejamento, somados ao trabalho do corpo diretivo da universidade. O que se pode lamentar no contexto é o longo tempo necessário para se conscientizar da demanda. Foi preciso que o corpo diretivo da universidade tomasse a iniciativa para que os parlamentares se empenhassem de forma conjunta e apartidária. Até então, as diferenças partidárias impediram um trabalho de sinergia, para o bem da coletividade.

Daqui para frente, é importante que os parlamentares conheçam as condições in loco da UFMS, instiguem uma visita do ministro da Educação, Fernando Haddad e apresentem projetos e propostas de emendas parlamentares no Congresso Nacional, de forma conjunta, como bem se referiu o deputado federal, Fabio Trad. Projetos, propostas conjuntas têm mais peso, têm mais força e, portanto, mais garantia de aprovação. Não obstante a essas ações, há uma corrida contra o tempo. Cada dia que passa há uma piora nas condições de trabalho, decorrência natural do uso da infraestrutura. A urgência das ações decorre também pelo corte no orçamento realizado há poucos dias pela presidente Dilma Roussef, quando afirmou que não cortaria verbas da educação e da saúde, mas na prática não foi isso o que aconteceu. Para se ter ensino de qualidade, público e gratuito é fundamental investir em pesquisa, é necessário que a universidade tenha condições internas para esses investimentos. Hoje, todo investimento em pesquisa está na dependência de aprovação de projetos nas agências de fomento, principalmente CNPq e CAPES. Se os professores, pesquisadores quiserem desenvolver sua área científico-profissional, ficam da dependência de aprovação dos seus projetos nos editais das agências de fomento, onde a concorrência é, por vezes, insana.

A sociedade deve lembrar que o desenvolvimento social somente ocorre com a implementação das pesquisas, principalmente aquelas com aplicabilidade social, pois é onde o ensino se aprimora e qualifica também todas as áreas profissionais. A universidade é essencialmente pesquisa, o ensino é uma decorrência dessa ação. Não pode a universidade se caracterizar como uma escola profissionalizante, exclusivamente técnica. É necessário recursos e infraestrutura para implementar as pesquisas e assim proporcionar o desenvolvimento social que beneficie a sociedade brasileira.


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