Revolução dos cibermeios jornalísticos

Opinião | Quinta-feira, 04 de Agosto de 2016 - 14h54 | Autor: Gerson Luiz Martins


O uso da internet no jornalismo contemporâneo é um caminho sem volta. Está muito claro que a maioria das pessoas leem jornais por meio da internet, principalmente pelos dispositivos móveis, celulares e tablets, e ainda pelas redes sociais, principalmente Facebook e Twitter. Os jornais impressos tendem a desaparecer. O público que lê jornais impressos está na geração dos 60 a 70 anos, em sua maioria. A geração anterior, entre 40 e 60 anos, em sua maioria, lê pouco as notícias, prefere consumir notícias pela televisão, principalmente. A geração entre 30 e 40 anos também tem pouco hábito de leitura de jornais, prefere a leitura na internet, no ambiente web, pelos computadores. De outro lado, a geração dos 20 a 30 e também a que está entre 17 e 20 retomou a leitura dos jornais, se tornaram consumidores contumazes das notícias. Isso, de certa forma, é uma excelente notícia para o jornalismo! No entanto, essas duas gerações, a mais nova significativamente, prefere a leitura das notícias em dispositivos móveis e, preferencialmente, por meio das redes sociais.

Pelo lado da produção jornalística há, neste momento, uma verdadeira revolução dos processos de produção. O jornalista que produz a notícia a cada dia se qualifica e investe em inúmeras técnicas que proporcionam maior qualidade da informação. O jornalismo na internet é muito diferente do que se produz no jornalismo impresso, no telejornalismo e no radiojornalismo. São linguagens diferentes, com recursos diferentes, consumo diferente, relações de trabalho diferente, publicação diferenciada. O jornalista deve estar preparado para tudo isso. No âmbito das redações e das assessorias de imprensa e comunicação, se trata de uma nova revolução, a mesma que ocorreu quando foram instalados os primeiros computadores nas redações dos jornais. Até então, os jornalistas trabalhavam com máquinas de escrever e a entrada dos computadores foi rejeitada por muitos, por outros dificultada e por uma minoria, adaptável.

De qualquer forma, os jornalistas aprenderam a utilizar o computador, se adaptaram e perceberam que podiam produzir um jornalismo de melhor qualidade com as potencialidades da informática. O mesmo acontece hoje! Há, naturalmente, uma dificuldade de adaptação aos novos recursos implementados pelas tecnologias de internet, no chamado ciberjornalismo. Para muitos há uma recusa no uso dessas novas tecnologias. Muitos jornalistas mantém um comportamento de que, como jornalistas, sua tarefa é apurar e escrever. No entanto, as tecnologias de internet exigem muito mais do que apurar e escrever. Exigem domínio dos processos de produção de vídeo, de áudio, infográficos, entre outras tantas tarefas.

É preciso compreender que essas tecnologias qualificam a compreensão da notícia. Possibilitam ao leitor um nível de informação melhor, que proporcionam ao consumidor de notícias um entendimento dos fatos além do factual, do instantâneo, do momento flagrado pelo jornalista. É preciso compreender também que o jornalismo é fundamentalmente uma forma de conhecimento. O jornalismo produz também educação. As tecnologias de internet, o ciberjornalismo tem amplas possibilidade de gerar conhecimento, contribuir no processo de educação para a sociedade. Em breve, muito breve as salas de espera das dezenas, centenas de lugares, desde os consultórios até mesmo nas filas do transporte coletivo não haverá mais jornais impressos, as pessoas estão e estarão com os celulares nas mãos para ler as notícias. E nada vai adiantar oferecer exemplares em papel de forma gratuita. Assim como o jornal de ontem que servia “para embalar o peixe”, o papel servirá para embalar qualquer outra coisa, ou para sujar as ruas!

Jornalista e pesquisador do PPGCOM e Ciberjor UFMS
gerson.martins@ufms.br


www.gersonmartins.jor.br



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