Quando a publicidade é negativa

Opinião | Terça-feira, 19 de Julho de 2011 - 22h27 | Autor: Gerson Luiz Martins


A publicidade é uma atividade da área de comunicação muito benéfica para a sociedade porque difunde tudo o que um produto ou uma instituição possui e que seja proveitoso para as pessoas, para as comunidades. A publicidade é uma atividade essencial para a sociedade contemporânea. Sem a publicidade, a sociedade ficaria privada de inúmeros aspectos dos bens de consumo ou das instituições.

No entanto, a publicidade pode ser negativa, não a publicidade em si, mas quando ela é desnecessária. Assim, ficam muitas perguntas. Por que uma empresa como a Eletrobrás precisa de publicidade? Por que um determinado ministério do governo federal, secretaria dos governos estaduais ou municipal necessitam de publicidade? Por que uma Assembleia Legislativa ou uma Câmara Municipal fazem publicidade?

Empresas e instituições publicas devem prestar contas de suas atividades. Essa contas devem ser publicizadas por meio de relatórios, sejam pelos Tribunais de Contas ou por meio de publicações oficiais.

O volume de dinheiro gasto com publicidade é algo quase imensurável. Ate mesmo muitas instituições privadas não teriam necessidade de fazer publicidade, propaganda. Um exemplo de empresa privada que dispensa milhões de reais em publicidade enquanto deveria aplicar esses recursos na qualidade dos seus serviços pode ser a cooperativa Unimed. São centenas de milhares de reais em publicidade na mídia ou por meio de patrocínio de clubes de futebol e outros formas que poderiam serem aplicados na melhoria dos hospitais, na remuneração dos médicos, associados desta cooperativa, na redução das mensalidades do seus associados beneficiários. Recente reportagem veiculada pelo telejornalismo mostrou a situação caótica das taxas pagas aos médicos pelos planos de saúde. Muitos médicos solicitam o cancelamento dos contratos, pois os valores pagos pelos seus serviços estão muito distantes do que recebem no mercado privado. Então se pergunta, se os planos de saúde, as cooperativas medicas nao tem recursos para melhorar as condições do seus associados médicos ou dos associados beneficiários, por que se gasta tanto dinheiro com publicidade, principalmente na TV e em horários nobres. Cada propaganda de 30 segundos na TV custa, em horário nobre, cerca de R$ 20.000,00 a inserção! Some-se então quatro a cinco inserções por dia, por um período de 30 dias. Os números são exorbitantes, que podem ser aplicados em melhorias e na redução das mensalidades.

Evidentemente numa reflexão sobre a publicidade desnecessária a pergunta que se faz a seguir é: por que os governos municipais, estaduais e federal gastam milhões de reais em publicidade? Há muito tempo, pesquisadores e cientistas defendem o uso público da publicidade. Como assim? Que toda publicidade veiculada na mídia, seja TV, jornal, rádio, internet, painéis e outros meios seja gratuita, serviço público quando se tratar de benefícios à população. Seria de certa forma aquilo que a Rede Globo faz quando veicula anúncios sobre campanhas de utilidade pública, neste caso, sempre associada à imagem, ou melhor, a empresa Rede Globo, como forma de dar credibilidade. Desta forma, todas as campanhas publicitárias que tenham interesse público deveriam ser gratuitas. Algum leitor pode perguntar: e não são gratuitas? Não. Todas as campanhas publicitárias veiculadas pelo poder público na TV, no rádio, nos jornais, enfim, em toda mídia é paga. A campanha contra da difusão da dengue, por exemplo, entre tantas outras, veiculada pelo Ministério da Saúde, pelas secretarias de Saúde dos estados e municípios são pagas. Nada é gratuito, mesmo em se tratando de defesa pública, saúde pública ou segurança pública. Não há dúvida que é muito importante as campanhas publicitárias de serviço público. O que seria, no mesmo caso da Dengue, se não houvesse uma conscientização, uma ação educativa da população para combater a proliferação da Dengue por meio das campanhas publicitárias veiculadas, principalmente, na TV? Em se tratando de saúde pública, as campanhas publicitárias na TV são as que melhor eficácia possuem. No entanto, são gastos dezenas de milhões para pagar essas campanhas publicitárias, dinheiro que deveria ser destinado, isso sim, a reforma ou construção de hospitais, ampliação da oferta de medicamentos, ações educativas nas escolas e tantas outras ações.

Os meios de comunicação, principalmente rádio e TV, são concessões precárias do governo federal, ou seja, provisórias, e aqueles que detém essas concessões deveriam obrigatoriamente prestar um serviço público, até mesmo para compensar essas concessões, e veiculas campanhas publicitárias de utilidade pública sem qualquer custo.



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