Falsos jornalistas

Opinião | Quinta-feira, 07 de Fevereiro de 2013 - 13h48 | Autor: Gerson Luiz Martins


Com a liberação da necessidade de realizar curso superior em jornalismo, muitas pessoas, até mesmo semialfabetizados, conseguiram o registro como jornalista profissional! Vive-se num vácuo legal enquanto o Projeto de Lei que regulamenta a obrigatoriedade do curso universitário em jornalismo para o exercício profissional, aprovado no Senado, não for também aprovado na Câmara.

Antes de prosseguir nesta reflexão, é importante mencionar a importância da atividade profissional do jornalista na sociedade contemporânea. O jornalista é o responsável pela produção e difusão das informações. A população conhece e sabe sobre fatos, história, economia, política, sociedade, esportes, meteorologia por meio do jornalismo. Fatos como a guerra civil na Síria, as enchentes em Minas Gerais, a crise europeia, entre tantos outros, se conhece por meio do jornalismo. Fatos que podem determinar as opções de vida das pessoas, as decisões de trabalho, família, importantes para o cotidiano de milhares de pessoas. Assim como o médico, o advogado, o jornalista pode, com seu trabalho, promover ou destruir pessoas.

Entretanto a irresponsabilidade de muitos provocou que não dependesse da formação universitária especifica para o exercício profissional do jornalismo. Até mesmo um analfabeto pode requerer seu registro como jornalista. Nesse universo, também muitos apresentadores de programas de televisão, sem qualquer qualificação universitária ou profissional e, ainda, muitos profissionais de áreas completamente diversas do jornalismo, sem passar por um curso universitário de jornalismo fazem o registro como jornalistas profissionais. Neste ultimo grupo, há um equivoco geral, pois são profissionais de nível superior, em muitos casos, que jamais admitiriam o exercício irregular de sua profissão por pessoas que não passaram pela formação universitária. Basta imaginar um médico sem fazer o curso de medicina. Como seriam chamados esse falsos médicos? Minimamente como charlatão, curandeiro e outros qualificativos mais ou menos adequados! E se pode denominar Jornalista um médico, advogado ou qualquer outro profissional que tem o registro profissional de jornalista sem haver concluído o curso universitário de jornalismo? Muito pior é aquele político que decidiu "brincar" de apresentador de TV, sem qualquer formação universitária e também fazer o registro como jornalista profissional!

Há alguns meses foi publicado, neste espaço, uma reflexão sobre essa situação. É preciso que fique muito claro que apresentador de TV não é sinônimo de jornalista. Os jornalistas profissionais podem fazer parte das equipes de produção dos programas, buscar e produzir informações para o programa, mas aquele que apresenta, o “animador”, se não concluiu um curso universitário de jornalismo, não é jornalista. Lamentavelmente há muitos casos de falsos jornalistas, pessoas sem qualificação profissional em jornalismo que requerem o registro de jornalista. Como se trata de exercício inadequado da profissão, essas pessoas deveriam ser chamadas de charlatões. Há muitos anos, políticos locais tem o registro como jornalista profissional sem a qualificação universitária especifica e necessária. Como o jornalismo é uma das atividades profissionais estratégicas para o desenvolvimento social, para a democracia, a situação dessas pessoas é totalmente inadequada e contrária aos princípios que dizem defender quando assumem um mandato político.

A qualificação profissional em jornalismo é complexa, o jornalismo exige conhecimento em sociologia, filosofia, política, psicologia, economia, além do conhecimento técnico especifico, como em qualquer profissão. A independência, a busca, a pesquisa, a apuração devida são requisitos imprescindíveis para o jornalista. E que atitudes dessas se pode esperar de uma pessoa que não frequentou e concluiu o curso universitário de jornalismo?

O político deve, em primeiro lugar, cumprir o mandato para o qual foi eleito e não usar da mídia em geral, do jornalismo em especial como plataforma para promover seu ego e satisfazer sua vaidade. Cabe, sim, aos políticos, parlamentares fazerem a defesa das categorias profissionais e, no caso do jornalismo, trabalhar para garantir uma qualificação para o exercício profissional, com a exigência da formação universitária específica. O registro profissional como jornalista sem uma qualificação, ou seja, sem uma formação universitária específica em jornalismo atinge diretamente a ética profissional, a ética social.



www.gersonmartins.jor.br



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