Espaço da pesquisa nas universidades

Opinião | Segunda-feira, 17 de Outubro de 2011 - 04h18 | Autor: Gerson Luiz Martins


Para entender como premissa esta reflexão é importante ter claro que a pesquisa, principalmente em universidades publicas, é um imperativo para o trabalho de professores e alunos. E quando se menciona espaço da pesquisa, neste caso, não se refere ao espaço dedicação, produção e tempo, mas ao espaço, não menos importante, diria estratégico, físico onde o professor, pesquisador, alunos de graduação e pós-graduação realizam seus trabalhos.

O espaço físico se tornou uma jóia rara, salvo o trabalho árduo de alguns pesquisadores que, pela sua competência, conseguem aprovar projetos de pesquisa em agencias de fomento como CNPq e CAPES, principalmente, e assim conseguem, algumas vezes, constituir seus espaços físicos de pesquisa, ou seja, seus laboratórios. E faca-se uma ressalva, às vezes. Nem sempre recursos aprovados de projetos nas agencias significa espaço de trabalho garantido.

Afirmou-se, varias vezes nesta coluna, que as universidades são os locais privilegiados, quase únicos de pesquisa cientifica no Brasil. Se o Brasil desenvolve pesquisa, isso ocorre, em 99,99% das vezes, nas universidades. O leitor deve imaginar um pesquisador como aquele sujeito que está num laboratório cheio de tubos de ensaio ou em áreas no campo, na zona rural escavando em lavras de terra! Este é o estereotipo do pesquisador que não revela claramente sua atividade. Há muita pesquisa em laboratórios que não possuem sequer um tubo de ensaio, mas muitos computadores. Há muitas pesquisas realizadas em gabinetes de trabalho onde estudantes de pós-graduação e graduação com seus professores e orientadores estudam e debatem processos sociais, propõem procedimentos ou realizam diagnósticos das realidades sociais.

Neste ultimo modelo, como nos demais, o espaço para desenvolver a pesquisa é imprescindível. E também, neste formato, o espaço que Grupos de Pesquisa dispõe nas universidades é exíguo. Na maior parte das vezes, as universidades não apóiam, não privilegiam a organização dessas áreas físicas de trabalho.

Como centros privilegiados para o desenvolvimento da pesquisa, as universidades devem priorizar espaços físicos para instalação de Grupos de Pesquisa produtivos. Grupos de Pesquisa produtivos se constituem naqueles que se reúnem regularmente, pelo menos uma vez por mês, abriga estudantes pesquisadores de iniciação cientifica, na graduação, e alunos de mestrado ou doutorado, na pós-graduação. Grupos que mantém, também regularmente, mecanismos que promovam a difusão de seus trabalhos para a sociedade, por meio de Simpósios ou Congressos científicos.

Cadastrar um Grupo de Pesquisa no Diretório brasileiro dos Grupos mantido pelo CNPq é fácil. O sistema deve possuir algumas dezenas de cadastro de Grupos que não tem produção e até que nem existem mais! Agora é preciso que os grupos cadastrados estejam em processo produtivo. De que adianta o Diretório indicar a existência de centenas de Grupos de Pesquisa se esse número não denota pesquisa, produção cientifica?

É importante que a universidade respeite seus pesquisadores, incentive Grupos produtivos, implemente apoio em infra-estrutura, independente dos apoios das agências de fomento, garanta os espaços da pesquisa, não necessariamente na forma de laboratórios, crie condições de trabalho para que os estudos, debates, ou ensaios científicos aconteçam e se realizem de forma adequada, produtiva. É inadmissível que alguns pesquisadores sejam obrigados a se reunir, trabalhar em suas pesquisas em locais fora da universidade, como constatado que vários Grupos trabalham em salas emprestadas em outras instituições.

Um dos espaços singulares para o desenvolvimento das pesquisas se constituem nos programas de mestrado e doutorado. São estruturas privilegiadas para isso. Dessa forma, cabe às universidades garantirem, minimamente, condições estruturais adequadas para que estudantes e professores, todos pesquisadores, possam trabalhar. Também, aqui, é inadmissível que um curso desses não tenha salas aulas, gabinetes de trabalho, seja de debate, seja de investigação. Infelizmente é o que ocorre em alguns cursos, mesmo em Campo Grande. Os cursos de pós-graduação stricto-sensu se constituem em Centros de Pesquisa e são os locais da excelência cientifica, que subsidiam e apóiam os cursos de graduação e também o desenvolvimento das empresas, ongs, instituições e até mesmo órgãos governamentais.

Neste ano, graças ao apoio irrestrito da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFMS, pode se concretizar um plano de há muitos anos, o curso de mestrado em Comunicação. Agora é preciso dar condições para que esse Curso se consolide e possa dar boas contribuições para a sociedade.



www.gersonmartins.jor.br



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