Big Brother da mídia em Campo Grande

Opinião | Quinta-feira, 28 de Novembro de 2013 - 17h52 | Autor: Gerson Luiz Martins


A criação do Programa de Mestrado em Comunicação na UFMS começa a dar seu primeiros resultados. Como mencionado em artigo anterior, a primeira turma de pesquisadores do Mestrado, desde agosto de 2013, iniciou a defesa dos projetos de pesquisa realizados a partir da implantação do curso, em agosto de 2011.

O resultado palpável dessa situação se traduz em projetos de pesquisa organizados, estruturados com foco e respaldo científico. Não se trata mais de uma avaliação incipiente, parcamente realizadas pelos Trabalhos de Conclusão de Curso, TCCs ou Projetos Experimentais produzidos pelos cursos de Jornalismo sobre a mídia local. O foco muda, a metodologia tem base científica. Até se poderia dizer que, como quem diz, "mídia, empresas jornalísticas, empresas de comunicação, fiquem atentas, tomem cuidado, pois agora são objetos de estudos e análises científicas"!

Este novo cenário provocará uma constancia de pesquisadores no interior das empresas, paa fazer acompanhamento das rotinas de produção, do processo de apuração, de redação, de edição e de veiculação, no caso das empresas jornalísticas. O empresário de comunicação, os dirigentes das redações jornalísticas e dos setores de assessoria de comunicação ou imprensa das empresas em geral devem abrir espaços para esses pesquisadores, se conscientizar que o trabalho promoverá o desenvolvimento das empresas, o aumento do ganho financeiro e a eficiência administrativa.

O Programa de Mestrado em Comunicação da UFMS atua como investigador e desenvolvedor dos processos de comunicação. As empresas jornalísticas devem entender que, neste e em muitos outros casos, o trabalho da academia, das universidades deve ser o de proporcionar e gerar desenvolvimento social, profissional, econômico e político. A colaboração mútua entre as empresas e a universidade é imprescindível para o desenvolvimento da sociedade.

De outro lado, as empresas devem ter clareza também que serão objetos de análises e investigação científica permanente. Os procedimentos relativos a processos das relações de trabalho, o trato com a audiência, os critérios de difusão da informação, os métodos de apuração e edição serão constantementes observados pelos pesquisadores. Em outros palavras, o foco de atenção agora recai sobre as empresas jornalísticas. Os pesquisadores do PPGCOM/UFMS serão verdadeiros Big Brothers da mídia local.

O Big Brother na mídia começou a funcionar. Exemplos não faltam. Pesquisa sobre as notícias que tratam das terras indígenas, pesquisa sobre o processo de apuração baseado em redes sociais, sobre a cobertura dos jornais impressos do processo de divisão do estado, sobre a difusão da representatividade dos bolivianos na mídia local. Enfim, inúmeros projetos de pesquisa que investigam os procedimentos dos meios de comunicação.

O pesquisador científico também está regulado sob inúmeros códigos deontológicos que a própria ciência impõe. A observação, análise do investigador em ciências deve ser pautada pela ética, pela imparcialidade, pela lisura nos procedimentos, pelo equilíbrio das fontes, pela validade científica da amostra. Um trabalho científico, seja uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado não pode indicar juízo de valor sobre o objeto estudado. Deve apresentar, "nua e crua", a veracidade dos fatos a partir das inúmeras teorias, científicas, neste caso, em comunicação, ou especificamente em jornalismo.



www.gersonmartins.jor.br



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