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Jornalismo regional: das primeiras impressões ao fortalecimento da imprensa do interior

Opinião | Autor: Prof. Gerson Martins
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O jornalismo regional no Mato Grosso do Sul sempre desempenhou um papel muito importante no desenvolvimento das sociedades. O primeiro jornal da região sul, do então estado de Mato Grosso, nasceu em Corumbá, em 1877, foi O Iniciador. Naquela época a cidade de Corumbá era o principal centro urbano da região e pela hidrovia sustentava seu crescimento e sua comunicação com a metrópole, com a capital do país. A chegada da ferrovia no início do século mudou o centro de desenvolvimento urbano. De Corumbá o pólo urbano se transfere para Campo Grande. A consolidação desse local acontece com a criação do Estado de Mato Grosso do Sul no final da década de 1970, do século XX. Entretanto o jornalismo não fenece e Corumbá experimenta, até nossos dias, a persistência do jornalismo diário. Com a transferência da metrópole regional para Campo Grande o estilo de jornalismo praticado altera. Há um implemento das publicações ligadas aos partidos políticos.

Acadêmicos de jornalismo da Universidade Católica Dom Bosco realizam neste momento um levantamento do jornalismo corumbaense desde seus primórdios. Recentemente as acadêmicas estiveram na cidade de Corumbá fazendo uma pesquisa do material sobre a imprensa da região. Infelizmente os dados são parcos e muitos se perderam no tempo. A falta de memória é um fato que atinge todo estado. Mesmo em Campo Grande apenas um jornal diário tem a coleção completa de suas edições desde a primeira publicação. Apesar desses entraves a pesquisa não se esgota na cidade de Corumbá. Há material em Campo Grande, no Tribunal de Justiça do Estado, em Cuiabá, na UFMT e na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. A pesquisa das acadêmicas Mirella Bernard, Tarsila Ferreira, Luciana Medeiros e Viviane Cardoso, que tem como um dos objetivos atender a um requisito curricular dos cursos de jornalismo denominado Projeto Experimental, busca nessas várias fontes a identidades ou as identidades e as influências do jornalismo praticado em Corumbá sobre o que é praticado nas demais regiões do estado. O projeto será uma grande contribuição para constituir a história do jornalismo sul-mato-grossense. Prevista para ser concluída até o final do mês de novembro, a pesquisa será apresentada (defendida) no curso de jornalismo da UCDB no início de dezembro.

No ano de 2001, esse mesmo grupo de acadêmicas esteve em Dourados e fez uma pesquisa sobre o cinqüentenário do jornal O Progresso, como parte de um projeto maior denominado Rede Alfredo de Carvalho, que tem como objetivo resgatar a história da imprensa no Brasil em comemoração aos 200 anos do surgimento do primeiro jornal no país. A Rede objetiva ainda “desenvolver ações públicas destinadas a comemorar os 200 anos de implantação da imprensa no Brasil, preservando sua memória e construindo sua história. Pretende-se contribuir para o avanço da mídia impressa no novo século, de forma integrada com a mídia eletrônica e a mídia digital, tornando-a patrimônio coletivo do povo brasileiro”.

Nas duas iniciativas podemos antever o quadro do jornalismo regional no estado. Em Corumbá a existência do primeiro jornal da região sul de Mato Grosso. Em Dourados o mais antigo jornal diário em circulação. Esses fatos comprovam a importância do jornalismo regional em nosso estado. Num levantamento realizado entre 1996 e 1998, detectamos a publicação de jornais (diários, semanários, bi-semanais, mensais, bi-mensais) em praticamente todos os municípios. São periódicos políticos, sindicais, associativos e empreendimentos de cunho jornalístico que caracterizam essas iniciativas. Entretanto os trabalhos que têm sustentabilidade acontecem nas cidades de médio porte. Três Lagoas, Corumbá, Coxim, Ponta Porã e Dourados detêm as maiores e melhores iniciativas. Devido às grandes dimensões do estado, esses empreendimentos ganham força regional e se identificam com a cidade e com os municípios a que servem. Apesar da presença, nessas localidades, do maior jornal que possui sede na Capital do estado, os jornais locais mantêm uma boa aceitação do leitor, ávido por informações locais e regionais. O professor Dirceu Fernandes Lopes num trabalho sobre o perfil do jornal do interior de São Paulo, no texto A evolução do jornalismo em São Paulo, publicado pela Escola de Comunicações e Artes da USP em 1996, afirma que “ao contrário do leitor da Capital, que tem outros meios de informação sobre sua comunidade, o habitante do interior escolhe o próprio jornal de sua cidade para saber o que ocorre ao seu redor, no seu mundo. É no jornal local que o morador busca e encontra, numa linguagem acessível e própria, aquilo que interessa para o seu dia-a-dia”. Mais adiante Lopes ainda destaca que esse fato “leva o jornal do interior a ser a principal fonte de informação, transformando-o no melhor ponto de encontro de quem quer vender idéias com quem quer comprar idéias. Nada substitui a visão local. Há um processo natural de identificação do leitor com o jornal de sua cidade, independente de sua linha editorial, já que é esse veículo que informa o que interessa mais de perto a seus leitores”. Destaca Lopes que “os grandes meios impressos não eliminam os pequenos jornais porque não têm condições de atender algumas de suas funções, principalmente a divulgação de reivindicações da comunidade, além de expressar seus valores numa autêntica demonstração de veículos comunitários. Ao contrário do jornal da Capital, o jornal local faz parte da vida comunitária da cidade”.

Esse quadro remete ainda a necessidade de profissionais com formação superior em jornalismo. Em Campo Grande há quatro instituições que formam jornalistas profissionais e esses devem buscar novas oportunidades nesse rico mercado regional. A demanda por jornalistas com formação superior está presente em todas as regiões. A necessidade de aprimoramento dos produtos jornalísticos regionais é fator preponderante no desenvolvimento desses veículos. As oportunidades para desenvolver os bons empreendimentos jornalísticos do interior do estado, estão continuamente presentes e terão respaldo do público, do leitor que se traduz por meio de assinaturas, de aquisição em banca, no aumento dos anúncios publicitários e de outras formas que constituem a receita dos empreendimentos.


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