O jornalismo impresso, tal como o conhecemos atualmente, está fadado a morte. Esta afirmação pode parecer apocalíptica, inconsequente, catastrófica. No entanto, os prognósticos apontam nesse caminho. O desenvolvimento acelerado do jornalismo produzido na e para a internet, a ampliação e as facilidades de difusão da informação pelas mídias sociais anunciam que o jornalismo impresso, tal como o conhecemos hoje, irá desaparecer.
Na semana passada, em texto publicado neste espaço, ficou claro a urgência de reformulação das diretrizes da produção jornalísticas nas atuais redações, nas empresas jornalísticas. O investimento no suporte internet, ainda negado pela maioria dos empresário da mídia, é uma necessidade premente. Não é possível tapar o sol com a peneira. Só não enxergam os caolhos de um jornalismo tradicional mais preocupado com os ganhos paralelos, do que com uma lucratividade decorrente da "venda" da informação. Um bem precioso e pago a peso de ouro na sociedade contemporânea.
O programa de Rede Cultura, Roda Viva, apresentou, nesta semana, um debate sobre a chamada Mídia Ninja, que mais do que um "estilo" jornalístico é uma sigla que quer dizer mídia de narrativa independente, jornalismo e ação. No centro do debate, literalmente, estavam os dois principais articuladores do processo de difusão da informação, por meio das redes sociais, decorrentes dos movimentos de protestos que paralisaram parcialmente o país em julho, Bruno Torturra e Pablo Capilé. Este estilo jornalístico sintetiza bem o processo de produção e difusão jornalística a partir da internet. É preciso entender que este formato não é uma receita de bolo para a "salvação da lavoura" para as dezenas, talvez centenas de empresas jornalísticas no limiar da falência. Nem mesmo o New York Times, que aparentemente conseguiu uma receita de sucesso para os empreendimentos na internet, tem ainda a receita do bolo e a garantia de sustentabilidade para o jornalismo impresso e o jornalismo eletrônico.
Neste momento, mais do que nunca, é imperativo uma soma de esforços entre a pesquisa acadêmica, que não pode se distanciar da realidade, e os empreendimentos privados. A pesquisa acadêmica tem a experimentação e o empreendimento jornalístico tem a experiência. Somados experimentação e experiência há chances mais realistas, melhores e mais eficientes para se conseguir a consolidação e a difusão, em larga escala, do produto jornalístico.
O produto jornalístico não pode ser considerado um domínio oligárquico, de outro lado também não pode ser considerado "terra de ninguém". A informação, no primeiro caso, circula de forma democrática e difusa, a tecnologia proporcionou esta condição, embora ainda não atinja a maioria da população, é uma questão de tempo, de muito pouco tempo. No segundo caso, não se pode considerar a informação "terra de ninguém" porque o ser humano precisa compreender a informação. E para isso precisa de "tradutores", ou melhor, de curadores. O papel, a função do jornalista nunca foi tão importante e necessário quanto nos tempos das mídias sociais, ou como enfatiza a mídia ninja, ao invés de mídia de massa agora temos massas de mídia. Este é um conceito caro para os empreendedores do jornalismo, assim como para jornalistas e estudantes de jornalismo.
Neste caminho ganham os estudantes de jornalismo, que por meio de uma difusão lúdica se adiantaram no processo e fazem a difusão da informação de forma mais eficiente. O que falta neste processo, desenvolvido pelos estudantes de jornalismo, é uma clareza, até mesmo objetividade da informação. O achismo ainda domina a difusão das informações.
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